terça-feira, 29 de abril de 2008

O Manifesto do Partido Comunista

O Manifesto do Partido Comunista é o texto fundador da teoria marxista e o programa básico do proletariado face à escravidão capitalista. Escrito em 1848, por Karl Marx e Friedrich Engels, completou 160 anos em fevereiro de 2008, após incontáveis edições e reedições. O debate desenvolvido em todo o planeta e nas mais diferentes línguas, dá uma idéia da dimensão e atualidade deste pequeno grande livro. Sua leitura e estudo são uma fonte permanente de ensinamentos para todos os militantes comunistas, todos os trabalhadores esclarecidos, todos os homens e mulheres que se interrogam sobre os destinos da humanidade.

As edições atuais do Manifesto costumam incluir os vários prefácios assinados por seus autores. Também eles são muito instrutivos. Ajudam a situar a obra no seu contexto histórico e teórico. Mostram como Marx e Engels tiravam a cada momento novas lições da experiência prática.

No entanto, o leitor iniciante sairá ganhando se saltar os prefácios em um primeiro momento, mergulhando diretamente no texto principal. Ali ele encontrará um estilo simples, fácil e belo, que fala diretamente ao pensamento e ao sentimento dos trabalhadores, um texto engajado e militante, mas, sobretudo, um conteúdo sólido, científico, que parece ganhar atualidade à medida que o tempo passa.

O Manifesto divide-se em quatro capítulos. Um breve exame de cada um deles fornece um bom guia para o estudo da obra em nossos dias.

"Burgueses e proletários"

Marx e Engels proclamam, logo na primeira frase, que a história da civilização humana "tem sido até hoje a história da luta de classes". Acompanham esta luta e descrevem a ascensão da burguesia, até sua vitória em escala mundial, como classe que domina a vida econômica, social, política e ideológica da sociedade moderna.

O Manifesto não esconde o papel revolucionário que a burguesia teve no passado. Pelo contrário, evidencia que ela "criou maravilhas maiores que as pirâmides do Egito". Faz uma atualíssima descrição da modernidade burguesa, em incessante transformação, onde "tudo que é sólido desmancha no ar". Mostra como a mundialização burguesa "destrói todas as muralhas da China".

No entanto, este mesmo dinamismo sem freios e em escala mundial volta-se contra a burguesia que o gerou. "O sistema burguês tornou-se demasiado estreito para conter as riquezas criadas em seu seio". E o mais importante, ele criou também a força social que há de destruí-lo, a classe dos trabalhadores assalariados modernos, o proletariado. "A burguesia - diz o Manifesto - produz, antes de mais nada, os seus próprios coveiros. Sua queda e o triunfo do proletariado são igualmente inevitáveis".

"Proletários e comunistas"

O texto situa os comunistas como uma parte do proletariado: na esfera prática, a parte mais resoluta; do ponto de vista teórico, a que possui uma compreensão nítida das condições, da marcha e dos fins gerais do movimento. O objetivo imediato é a constituição dos proletários em classe, a derrubada da supremacia burguesa, a conquista do poder político pelo proletariado. O objetivo final, a abolição da propriedade privada burguesa.

Ao fim do capítulo o texto cita, a título de exemplo, algumas medidas imediatas de uma revolução proletária. A primeira é a reforma agrária. A última, o ensino público e gratuito…

A parte sobre "Literatura socialista e comunista" é talvez a que mais sofreu os efeitos do tempo, mas serve como exemplo de delimitação teórica de campos com outras correntes atuantes no movimento operário da época. Já o capítulo final analisa o quadro político da época em cada país. Toma posição, com flexibilidade e amplitude. Destaca que "os comunistas combatem pelos interesses e objetivos imediatos da classe operária, mas, ao mesmo tempo, defendem e representam, no movimento atual, o futuro".

E ao final, a conclamação que correu o mundo nestes 160 anos: "Os comunistas proclamam abertamente que seus objetivos só podem ser alcançados pela derrubada violenta de toda a ordem social existente. Que as classes dominantes tremam à idéia de uma revolução comunista. Os proletários nada têm a perder exceto seus grilhões. Têm um mundo a ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos!"

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