terça-feira, 20 de maio de 2008

10% dos mais ricos no Brasil detêm 75% da riqueza, diz Ipea

KAREN CAMACHO
Editora-assistente de Dinheiro da Folha Online

O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) elaborou um
levantamento que aponta as desigualdades no Brasil. Um dos dados
mostra que os 10% mais ricos concentram 75,4% da riqueza do país.

Os dados, obtidos pela Folha Online, serão apresentados pelo
presidente do Ipea, Márcio Pochmann, nesta quinta-feira ao CDES
(Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social). O objetivo, segundo
ele, é oferecer elementos para a discussão da reforma tributária.

A pesquisa também mostra como é essa concentração em três capitais
brasileiras. Em São Paulo, a concentração na mão dos 10% mais ricos é
de 73,4%, em Salvador é de 67% e, no Rio, de 62,9%.

Para Pochmann, a injustiça do sistema tributário é uma das
responsáveis pelas diferenças. "O dado mostra que o Brasil, a despeito
das mudanças políticas, continua sem alterações nas desigualdades
estruturais. O rico continua pagando pouco imposto", afirmou.

Apenas para efeito de comparação, ao final do século 18, os 10% mais
ricos concentravam 68% da riqueza no Rio de Janeiro --único dado
disponível.

"Mesmo com as mudanças no regime político e no padrão de
desenvolvimento, a riqueza permanece pessimamente distribuída entre os
brasileiros. É um absurdo uma concentração assim", afirma.

A pesquisa do Ipea também mostra o peso da carga tributária entre
ricos e pobres, que chegam a pagar até 44,5% mais impostos. Para
reduzir as desigualdades, o economista defende que os ricos tenham uma
tributação exclusiva.

Pochmann afirmou que um dos caminhos é discutir uma reforma tributária
que melhore a cobrança de impostos de acordo com a classe social.

"Nenhum país conseguiu acabar com as desigualdades sociais sem uma
reforma tributária", afirmou.

A pesquisa do Ipea também mostra um dado inédito. A carga tributária
do país, excluindo as transferências de renda e pagamento de juros,
cai a 12%, considerada por Pochmann insuficiente para que o Estado
cumpra as suas funções.

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