segunda-feira, 9 de março de 2009

OBAMA RETIRA TROPAS DO IRAQUE PARA MANDÁ-LAS AO AFEGANISTÃO

Renato Nucci Junior
(PCB – Campinas)
Barack Obama anunciou em 27 de fevereiro, um plano de retirada das tropas norte-americanas do Iraque até 31 de agosto de 2010. O anúncio parece atender às promessas feitas ao longo de sua campanha presidencial, além de corresponder a certas expectativas quanto ao seu governo, ilusórias como demonstraremos, mais aberto ao diálogo e por esse motivo mais propenso a buscar a “paz”.
No anúncio do plano feito em um discurso para cerca de 2 mil marines, Obama também declarou que os Estados Unidos estão “deixando o Iraque para o seu povo”. Disse também, em mensagem aos iraquianos, que os Estados Unidos “não reivindicam o seu território nem os seus recursos”. As declarações contrastam com o resultado de seis anos de ocupação militar norte-americana. Revelam o cinismo de Obama, pois parece que nada aconteceu com o Iraque desde 2003, quando tropas norte-americanas invadiram o país, sob o pretexto mentiroso de encontrar armas de destruição em massa. Obama não fez sequer um pedido de desculpas aos iraquianos quanto aos resultados catastróficos da ocupação, que deixou em seu rastro cerca de 1 milhão de pessoas mortas e um país devastado econômica e politicamente. Tudo para que o imperialismo norte-americano em associação com os britânicos pudesse colocar suas garras nas imensas riquezas petrolíferas iraquianas, ao contrário do que afirmou em seu discurso o novo plantonista da Casa Branca.
Quanto ao plano de retirada, quando se observam seus detalhes, se constata a inexistência de qualquer tendência pacifista no novo presidente norte-americano. Os Estados Unidos ainda manterão até o final de 2011 de 35 a 50 mil soldados no Iraque, com a incumbência de realizar as tarefas que desde o início da ocupação já desempenhavam: treinar as forças militares e policiais locais, proteger projetos civis de reconstrução e executar operações especiais de “contra-terrorismo”. Não existe qualquer retirada total de tropas do Iraque, mas uma diminuição no contingente militar. Portanto, a ocupação do território iraquiano por uma força invasora ainda permanece.
O plano de Obama visa atingir dois fins: diminuir o desgaste na imagem dos Estados Unidos provocado pela guerra e disponibilizar mais tropas e recursos do orçamento para a guerra no Afeganistão, igualmente ocupada por tropas norte-americanas em aliança com outros países. A nação centro-asiática, primeira vítima da agressão norte-americana após os ataques de 11 de setembro, é vista hoje como uma frente de batalha mais importante do que o Iraque.
A principal razão para esse deslocamento na prioridade dos Estados Unidos é o de reforçar sua posição na Ásia Central. Os estrategistas da Casa Branca querem criar um cordão de isolamento na região para conter a influência crescente da Rússia e da China, países que celebraram recentemente um acordo de cooperação econômica e militar, junto com outras nações dotadas de importantes reservas de gás e petróleo, como o Azerbaijão.
À medida que avança a gestão Obama, paulatinamente se desvanecem as ilusões quanto ao caráter de seu governo. Seu objetivo, como o de todo presidente norte-americano eleito com o apoio político e financeiro dos grandes oligopólios capitalistas do país, é o de defender os interesses imperialistas dos Estados Unidos. Desse modo, não cabem ilusões, Obama é mais do mesmo, com a diferença talvez de ser mais hábil na busca de seus fins do que o seu antecessor. O que, diga-se de passagem, não é muito difícil.

Campinas, março de 2008.

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