Firme como concreto
O centenário Niemeyer e as lutas do ano que se inicia
Afinal, o que vocês comunistas pretendem?
Mudar a sociedade, respondi.
O homem dirigiu-se ao rapaz que batia a máquina: escreve aí… mudar a sociedade.
E o datilógrafo, voltando-se para mim, retrucou: Vai ser difícil.
Relato de Oscar Niemeyer acerca de um interrogatório policial a que foi submetido.
Nascido em 15 de dezembro de 1907, Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho reflete a firmeza de princípios, o apego ao trabalho, a revolta contra as injustiças. Há pouco centenário, ainda pretende mudar a sociedade. Algo tão difícil quanto criar curvas e beleza somente com o concreto. Algo tão importante quanto arquitetar a solidariedade e o futuro.
Oscar Niemeyer atravessou o século 20 sem arredar pé de seus princípios. Viu a rapinagem do capital gerar duas guerras mundiais. Seus croquis permanecem nas trincheiras dos mais pobres. Viu surgir e ruir a União Soviética. Sua mente permanece bolchevique.
Criou a sede do Partido Comunista Francês para que os comunistas pudessem se reunir. Os CIEPS (Centros Integrados de Educação Pública) para que as crianças pudessem estudar. E o Sambódromo carioca para que nossa maior festa popular tivesse uma casa.
Escreveu "Enquanto existir miséria e opressão, ser comunista é a nossa decisão" quando traidores e liquidacionistas tentaram extinguir o PCB. Como se fosse possível passar uma borracha na História...
Como militante do PCB, aos idos da década de 1940, Oscar cedeu seu escritório no bairro da Glória, no Rio de Janeiro, para abrigar Luiz Carlos Prestes e seus camaradas, recém-libertos das clausuras, condenados que haviam estado devido à militância comunista.
Nesse ano que se inicia, que a criatividade, o trabalho, a firmeza e a solidariedade de Oscar Niemeyer se irradiem. É necessário, pois a exploração permanece. Lugar de comunista continua sendo a trincheira dos mais pobres. E o de criança, as escolas. Lutemos por elas, pelo futuro da humanidade.
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