terça-feira, 18 de março de 2008

UNIDADE DOS COMUNISTAS - CARTA DA CCLCP AOS COMUNISTAS E REVOLUCIONÁRIOS

Os últimos acontecimentos na América Latina nos obrigam refletir profundamente sobre os objetivos do imperialismo e sobre a necessária unidade dos povos em busca da liberdade e da emancipação humana.

O massacre realizado pelo governo colombiano, conjuntamente com a CIA, a 20 insurgentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo, entre eles o camarada herói Raúl Reyes, violando o território equatoriano, mostra concretamente os interesses do imperialismo. Este ao qual o governo do narcopresidente Álvaro Uribe serve há anos, através do Plano Colômbia, não somente não deseja a paz, como necessita da guerra no mundo todo, inclusive na América Latina.

A crise que hoje vive a economia dos Estados Unidos é expressão da crise estrutural do domínio do capital. Ela constitui um momento em que o sistema do capital em seu conjunto se aproxima de seus limites históricos e sistêmicos, ao tornar a produção destrutiva em elemento determinante do processo de acumulação e reprodução do capital, e subordinar à sua lógica a produção genuína. Isto quer dizer que a violência (o aumento da criminalidade comum, as guerras, o terrorismo de Estado, etc.), o desemprego, o fim dos direitos dos trabalhadores, a fome, a miséria e o desespero das grandes massas, inclusive nos países centrais do sistema, não somente não são prejudiciais ao sistema, como constituem condições funcionais à continuidade do processo auto-expansivo e auto-reprodutivo. Assim, a palavra de ordem "socialismo ou barbárie" é mais atual do que nunca e não há exagero em dizer que a continuidade do capital hoje é uma ameaça à continuidade da vida da humanidade.

Na América Latina têm surgido grandes esforços de movimentos sociais, organizações políticas e governos para propor alternativas ao domínio do imperialismo, que a colocam em uma nova situação de enfrentamento do monstro do Norte. Estes esforços se alcançam a vitória, abre-se enormes potencialidades para a conquista da "segunda e definitiva independência", e mudam a correlação de forças do sistema mundial de poder, pois a libertação da América Latina significaria o enfraquecimento da potência bélica mais poderosa do mundo: os Estados Unidos. Por isto fortalecer e levar ao fim a revolução bolivariana (que significa levá-la ao socialismo), compreendida não somente como venezuelana, mas latino-americana, é estratégico para a revitalização do comunismo como alternativa verdadeiramente humana ao domínio destrutivo e cego do capital. Neste sentido, o papel que desempenham Cuba e Venezuela são fundamentais, pois servem de exemplos concretos de que a luta pelo socialismo não é abstrata, mas viável e necessária, e que não faltará solidariedade internacional a todos os povos que se levantam pela liberdade, seja Bolívia, Equador, Nicarágua, que hoje não apenas resistem ao imperialismo, como também disputam mais concretamente o poder a partir da organização popular, a partir de espaços permitidos pela existência de governos progressistas; seja Colômbia que resiste com a luta armada e social há mais de meio século a governos pró-imperialistas, como de Álvaro Uribe, que massacram a um dos povos mais reprimidos do mundo e tornam aquele território uma verdadeira base militar a serviço dos Estados Unidos; seja a todos os povos que certamente não estão adormecidos, mas que necessitam avançar na unidade e organização popular na perspectiva da revolução socialista.

Contudo, é justamente porque a América Latina apresenta esta potencialidade que pode se tornar terra de invasão militar direta. A fase imperialista que vive o capitalismo não pode permitir a existência de povos não submissos, que não entregam suas riquezas, tampouco suas bandeiras pela liberdade. O imperialismo necessita nossos petróleos, nossas águas, nossas terras e nossos/as trabalhadores/as, portando, dificuldades para o roubo destes recursos são motivos suficientes para uma guerra, além da necessidade da produção e consumo de armas, de destruição para a reconstrução, como condições da expansão do capital, e a ameaça das fortes lutas pela "segunda e definitiva independência". Infelizmente esta possibilidade aumenta na medida que nossas lutas avancem, algo pelo qual seguiremos lutando "até a vitória, sempre".

Este contexto nos coloca grandes desafios. Si é correto que é o avanço da nossa luta que provoca a intervenção imperialista, é certo também que podemos avançar a ponto de impor uma derrota ao mesmo imperialismo. Trata-se, neste sentido, de fazer um chamado, em primeiro lugar, à unidade anti-imperialista dos povos, independente de suas divergências pontuais. Nesta unidade é necessária a luta antifascista, pois o fascismo é uma necessidade do sistema e tem provocado ao longo de nossa historia o aborto de inúmeras lutas emancipatórias. Nessa unidade é fundamental defender a beligerância não apenas das FARC-EP e do ELN, mas também de todos os povos que hoje se encontram em verdadeiras guerras contra seus opressores que lhes explora e lhes massacra. Nesta unidade é imprescindível lutar pela paz, compreendendo que ela somente será possível com a destruição do capitalismo - baseado na exploração do homem pelo homem -, e na construção de uma sociedade sem classes e sem exploração.

Porém, para que nossa luta avance e alcancemos a vitória também é necessário lutarmos duramente em nossos países. A maior solidariedade que podemos dar aos nossos irmãos é lutar pela revolução em nosso país. Neste sentido, é necessário que não nos equivoquemos em relação à estratégia. Nossas burguesias nativas são pró-imperialistas, portanto, são inimigas estratégicas e isto se exemplifica muito bem no Brasil, onde a burguesia, a través de seus meios, tem trabalhado sistematicamente (com muitas mentiras) a idéia de uma guerra entre Brasil e Venezuela com o objetivo de naturalizar na mente do povo brasileiro a situação de envio de tropas militares contra a luta de outros povos. Assim, a tática está na unidade dos/as trabalhadores/as e dos/as oprimidos/as em torno de um programa que supere a fome, a miséria, a exploração, unindo-se num bloco de forças que lutará contra os latifúndios, os monopólios e o imperialismo, ou seja, contra a estrutura capitalista e por uma sociedade socialista.

Brasil, março de 2008

Comissão Política Nacional

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